Essa postagem é dedicada a amiga e educadora, alfabetizadora dedicada, leitora contumaz, Profª Angélica. Antes dela, além de escutar daqui e dali falarem de um método denominado Fônico ou “Da Abelhinha” eu, apesar de já ter alfabetizado várias e várias classes, sequer o havia experimentado. Passamos do medo às experiências com silabação e palavração, vivemos as angústias do chamado Construtivismo, à época tão tábua de salvação quanto completamente ignorado pela grande maioria dos alfabetizadores. Dele, sabia-se apenas o jargão “não é método, é postura”….. Bem, minha experiência com o Método Fônico foi inesquecível. É claro que as dúvidas surgiam, o receio de não ver logo os resultados, a cobrança por parte dos pais e também a necessidade de cumprir os conteúdos propostos pela unidade escolar fazem a cabeça do professor girar. Mas, como disse anteriormente, Angélica, tão anjo quanto o próprio nome, trazia em si uma vivacidade, uma vontade, uma alegria! Sempre disposta a demonstrar as etapas, os sons, a dar dicas de atividades interessantes, foi, nesta época e continuará sempre sendo uma pessoa extremamente cara e especial. A experiência foi um sucesso, a turma lia e lia, em pouquíssimo tempo, e com gosto! Como gostavam de ler, descobriam os sons, juntavam e simplesmente nunca mais se esqueciam! Foi um ano inesquecível aquele! Angélica, essa partezinha do Blog é dedicada a você, amiga! (Liza)
O MÉTODO FÔNICO DE ALFABETIZAÇÃO
Obs: O método da Abelhinha é considerado Misto.
Cartaz com os personagens da “História da Abelhinha”:
O Método da Abelhinha é considerado misto porque não é totalmente fônico.
Os métodos fônicos também são conhecidos por métodos sintéticos ou fonéticos. Partem das letras (grafemas) e dos sons (fonemas) para formar, com elas, sílabas, palavras e depois frases. No principal modelo de Método Fônico utilizado pelos professores alfabetizadores, as crianças não pronunciam os nomes das letras, mas sim os seus sons.
O lingüista americano Bloomfield, propositor do módulo fônico desse método, defende que a aquisição da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente. Assim, a linguagem seria a formação do hábito de imitar um modelo sonoro. Os usos e funções da linguagem, neste caso, são descartados (em princípio), por se tratarem de elementos não observáveis pelos métodos utilizados por essa teoria, dando-se importância à forma e não ao significado. No tocante à aquisição da linguagem escrita, a fônica é o intuito de fazer com que a criança internalize padrões regulares de correspondência entre som e soletração, por meio da leitura de palavras das quais ela, inconscientemente, inferir as correspondências soletração/som.
De acordo com esse pensamento, o significado não entraria na vida da criança antes que ela dominasse a relação, já descrita, entre fonema e grafema. Nesse caso, a escrita serviria para representar graficamente a fala.
O método fônico baseia-se no aprendizado da associação entre fonemas e grafemas (sons e letras) e usa, em princípio, textos produzidos especificamente para a alfabetização.
O método que o Brasil empregava antes dos anos 80 não era o fônico, mas o alfabético-silábico, baseado no ensino repetitivo de sílabas.
Diferente do Método Fônico, que é baseado no ensino dinâmico do código alfabético, ou seja, das relações entre grafemas e fonemas em meio a atividades lúdicas planejadas para levar as crianças a aprenderem a codificar a fala em escrita, e, de volta, a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento.
O fônico é inteligente, lúdico e nada mecânico. Leva as crianças a serem alfabetizadas muito bem em quatro ou seis meses, quando passam a ler textos cada vez mais complexos e variados. Ele é tão eficaz em produzir compreensão e produção de textos porque, de modo sistemático e lúdico, fortalece o raciocínio e a inteligência verbal.
O Observatório Nacional da Leitura da França e o Painel Nacional de Leitura dos EUA afirmam sua clara superioridade, mas o MEC nunca deu à criança brasileira a chance de aprender com o fônico e colher seus frutos.
No método fônico, a alfabetização se dá através da associação entre símbolo e som. Para que a criança se torne capaz de decifrar milhares de palavras, ela aprende a reconhecer o som de cada letra. De outra forma, ela teria que memorizar visualmente todo o léxico, algo ineficiente do ponto de vista dos defensores do método fônico. O método parte da regra para a exceção.
Quando se usa o método fônico se melhora a compreensão do texto. No método ideovisual, onde o professor dá logo o texto, o que acontece é que a criança tende a memorizar as palavras. Porém, o código alfabético não se presta à memorização fácil porque as letras são muito parecidas. Com isso, o que acontece é que a criança troca as palavras quando lê (paralexia) e troca palavras na escrita (paragrafia). Esses erros ocorrem porque o alfabeto não se presta à memorização visual. Ele tem que ser decodificado. Ele foi inventado pelos Fenícios para mapear sons da fala, por isso é eficiente. Se você sabe decodificar não precisa memorizar.
Quem opta por ser alfabetizador o faz por amor, por idealismo. Uma pessoa idealista é a primeira a se apaixonar pelo seu trabalho quando ele funciona. O método fônico produz resultados extraordinários. Em três meses uma criança está lendo o que não lia em dois anos sob o método ideovisual. As professoras que empregam o método fônico ficam maravilhadas com sua eficácia.
Para aprender é necessário decodificar. Decodificar nada mais é do que converter os grafemas em fonemas. Aprender a pronunciar a palavra em presença da escrita. Quando pensamos em palavras usamos nossa voz interna. Quando lemos em voz baixa escutamos nossa voz. Isto é o processo fônico: a invocação da fala interna em presença do texto. O método ideovisual desestimula esta fala interna. Ele tenta estimular a leitura visual direta, portanto, a memorização. Só que não é possível memorizar ideograficamente todas essas palavras. A forma correta é aprender a decodificar. Quando fazemos isso, naturalmente se consegue produzir a fala e entender o que se está lendo.
Para alfabetizar, a criança deve ser levada a participar da linguagem escrita. Para isso, é necessário um diagnóstico prévio que aponte qual é a relação do sujeito com o texto. Assim, podem-se definir estratégias e exercícios que façam o aluno ler e escrever.
Para Sílvia Colello, os PCN não devem subestimar as crianças e nem reduzir o ensino àquela relação unívoca em que o professor ensina e o aluno silencia. Rodeadas por estímulos visuais e sonoros, televisões, computadores e videogames, seria equivocado crer que elas se interessariam e se reconheceriam verbalmente com frases como “o boi bebe e baba”.
Segundo a professora, é interessante notar que os defensores do método fônico no Brasil são psicólogos, em sua maioria. “Eles não lidam com a língua enquanto sistema em implementação. Eles estão preocupados em encontrar uma metodologia que seja objetiva e controlada, para ensinar a ler e a escrever. Mas só isso não é suficiente hoje em dia”, afirma. De acordo com Colello, pode-se até ensinar a criança a ler e a escrever, mas se anulará o gosto que ela poderia vir a ter pela leitura.
O grande argumento contra os parâmetros construtivistas é o péssimo desempenho do Brasil em diversas avaliações nacionais e internacionais, como no Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e em avaliações da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde que o conceito foi incorporado nos PCNs, em 1996.
Bibliografia :
Alfabetização no Brasil – Uma metodologia ultrapassada – Fernando C. Capovilla – RedePsiConstrutivismo não é método para alfabetização – Mariana Garcia, Revista Com Ciência;Construtivismo x Método Fônico – Telma Weisz e Fernando Capovilla (Abrelivros);O método Fônico na Alfabetização de Crianças – Vicente Martins – TextoLivre;
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O “MÉTODO DA ABELHINHA” – ORIGEM E PROPOSTA DE ENSINO
O referido método é de autoria de Alzira Sampaio Brasil da Silva, Lúcia Marques Pinheiro e Risoleta Ferreira Cardoso, educadoras com ampla experiência de ensino e pesquisa que, criaram o método que foi experimentado na Escola Guatemala, na cidade do Rio de Janeiro, em 1965 (CARVALHO, 2005).
A evidência na memorização dos sons e a preocupação com a leitura são características fundamentais do “Método da Abelhinha”, que foi assim denominado em razão da História da Abelhinha que acompanha o Guia do Mestre e o Guia de Aplicação, cujo o personagem da abelhinha tem grande importância no enredo da história. Na utilização do método em estudo são usados prioritariamente recursos fônicos e visuais
O “Método da Abelhinha” apresenta três etapas seguidas de objetivos, duração,
recomendações e sugestões de atividades. De acordo com os Guias, as etapas são
as seguintes: Período Preparatório ou Integração da Criança, História ou Início da
Alfabetização e Completando a Alfabetização.
A segunda etapa do “Método da Abelhinha” denominada de História ou Início da Alfabetização é considerada o ponto central do método, pois através da apresentação da “História da Abelhinha” organizada de forma continuada e dividida em sete capítulos, os personagens são apresentados e associados a sons e letras.
Do segundo ao quinto capítulo da História ou Início da Alfabetização as consoantes são apresentadas seguindo a seqüência do “Método da Abelhinha”, no entanto, sendo introduzidas uma de cada vez e paralelamente são realizados exercícios de fixação, interligando os sons aos personagens da história. Dentre as atividades que podem ser realizadas podemos destacar: leitura oral, cópia de sons, identificação do som inicial, união de consoantes e vogais, ditado, identificação das vogais e consoantes maiúsculas e minúsculas e a utilização dos cartazes e código de sons.
Para diversificar o trabalho no dia-a-dia da sala de aula a professora pode utilizar o
alfabeto mural (cartazes) ou código de sons. No Guia do Mestre e de Aplicação são
indicados materiais para a utilização do método, entre eles o alfabeto mural:
composto de vinte e três cartões coloridos, com as letras integradas aos desenhos
dos personagens da “História da Abelhinha” e o código de sons: que reproduz os
cartazes murais em tamanho pequeno, utilizado para atividades de fixação de sons.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SILVA, Almira Sampaio Brasil da; PINHEIRO, Lúcia Marques; CARDOSO, RisoletaFerreira. Método misto de ensino da leitura e da escrita e história da abelhinha
– Guia do mestre. 8. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, s/d.SILVA, Almira Sampaio Brasil da; PINHEIRO, Lúcia Marques; CARDOSO, RisoletaFerreira. Método misto de alfabetização – Guia de aplicação. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, s/d.
AMÂNCIO, Lázara Nanci de Barros; CARDOSO, Canciolina Janzkovski. Fontes para
o estudo da produção e circulação de cartilhas no Estado de Mato Grosso. In:
FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva; MACIEL, Francisca Izabel Pereira (orgs.).
História da Alfabetização: produção, difusão e circulação de livros (MG/ RS/ MT
– Séc. XIX e XX). Belo Horizonte: UFMG/FaE, 2006.
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
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A história deve ser contada aos poucos, por partes, apresentando sempre o personagem correspondente e treinando o som com as crianças, a partir da visualização de cada cartaz. Ao final de cada trecho deve-se deixar uma expectativa em torno da continuidade da história, fazer com que o aluno de fato vivencie cada trecho, vibre com as conquistas e espere ansiosamente pelo desfecho.
Em outras postagens estarão anexos os cartazes em tamanho natural para impressão e várias atividades que podem ser realizadas em classe, assim como sugestão de materiais e jogos. Beijinhos!